Há livros que se abrem como portas. Outros, como caixas de ressonância. Estes Poemas de Heyk Pimenta se abrem como um grito interrompido— ou uma lâmpada que pisca antesde apagar.Seus versos atravessam cenas de infância, exílios urbanos, afetos precários, apagões cotidianos e lampejos de ternura: “saíram pra pagar a light”, escreve o poeta, como quem tenta nomear o gesto banal quedisfarça a fuga, o sumiço, a ausência sem volta.
Nesta edição trilíngue —com traduções de Sergio Ernesto Ríos (espanhol) e Peter Taylor (inglês) —,cinco poemas conduzem o leitor por um Brasil dilacerado e delicado, ondeo amor brota entre espinhos, crianças correm atrás do caminhão de lixo em busca de brinquedos, cigarrasnão aprendem a cantar, e um “boi quatro corações” tenta caber num romance de verão.
Heyk é desses poetas que caminham entre mundos: experimenta a forma e fala direto ao corpo; sussurra como rigor dos que estudaram muito e a urgência dos que viveram demais.Sua dicção mistura os ritmos da roça e da cidade grande, o lirismo ferido e a observação miúda das coisas que resistem ao colapso.Como observa Rafael Zacca no posfácio, seus poemas não oferecem soluções — oferecem presença.Uma presença que pulsa, mesmo entre ruínas, mesmo sem dentes, mesmo tarde demais.


Da capo al fine
O mar que restou nos olhos
Poemas para morder a parede
Jogo de linguagem e a ética ferencziana
Corpo sem órgãos
O morse desse corpo
Antologia poética
Sublunar
O fim do Brasil
Cao Guimarães
Temas da sociologia contemporânea
A casa invisível
A ordem interior do mundo
Pulvis
Cadernos de alguma poesia
Derivações de Ana
O tempo amansa / a gente
Fayga Ostrower e Hanna Levy-Deinhard: Correspondência 1948-1979
Latitudes 

