Do calor abafado do Rio de Janeiro à neve londrina, dos ecos da ditadura militar brasileira às barricadas do Quartier Latin em Paris, Músculos de contracultura percorre um dos períodos mais intensos e contraditórios do século XX. Afonso Henriques Neto compõe um romance de formação nada convencional, no qual dois irmãos cariocas, Ariel e Lucas, atravessam a Europa no final dos anos 1960 e testemunham, com espanto e voracidade, as utopias e os confrontos da juventude ocidental.
O livro articula diferentes vozes e materiais – anotações de cadernos, memórias, trechos narrativos e poéticos – para dar corpo a uma narrativa polifônica, que mistura erotismo, política, poesia e delírio. Entre as ditaduras ibéricas e os ventos de liberdade, Ariel sonha escrever um romance que traduza a vibração de seu tempo. O que se lê, no entanto, é algo ainda mais ambicioso: o registro fragmentado de um tempo incandescente, vivido com os sentidos à flor da pele e as palavras como armas.
Músculos de contracultura é, ao mesmo tempo, relato de viagem e manifesto existencial. Um retrato da contracultura como experiência do corpo, da linguagem e da insubmissão. Um grito prolongado contra o silêncio imposto por regimes autoritários — e um canto juvenil à invenção da liberdade.




