Com o sugestivo título de As quatro paredes, o umbigo e a lombriga, o novo romance de Marcos A. P. Ribeiro nos conduz pelas reflexões densas e inquietantes de um funcionário público confinado, um homem à beira do colapso existencial. Dividido em três partes, o livro explora temas como a vida, a arte e a literatura, mesclando a instrospecção do narrador com uma multiplicidade de referências literárias. Como na clássica Viagem ao redor do meu quarto, de Xavier de Maistre, Ribeiro propõe uma narrativa onde o espaço físico limitado e as paredes de um cômodo refletem, metaforicamente, os limites impostos pela consciência. Ao longo do romance, o protagonista examina minuciosamente sua própria existência, a banalidade do cotidiano e os efeitos sufocantes da rotina, características tão familiares à vida de muitos leitores nos tempos de hoje. Entre suas confissões sobre a monotonia do trabalho, ele revela uma fuga constante pela leitura – uma das poucas satisfações que tem na vida. Mas, ao contrário de outros prazeres fugazes, a leitura não é apenas um refúgio: é também um meio de transcender a realidade sufocante que o cerca. No entanto, a própria literatura também se revela um campo minado de memórias e projeções, acentuando o eterno conflito entre a busca de sentido e a aceitação da finitude humana.