Benjamin, meu próximo

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Venus Brasileira Couy segue a indicação de Baudelaire e escreve prosa sem deixar de ser poeta. Nenhuma novidade, se nos lembramos que algumas de suas publicações anteriores são de poesia. Assim, neste novo livro – de ensaios – podemos acompanhá-la na “alegria das coisas consideradas com ênfase”.

Inspirada pelo filme de Peter Greenaway, traduzido no Brasil como “O livro de cabeceira”, a autora inverte a ordem dos elementos e nos mostra como se escreve o filme e se vê o livro. É uma bela reflexão sobre a escrita e a imagem.

O ensaio que a este se segue é uma trilha sinuosa, delicadamente mapeada em A asa esquerda do anjo, romance escrito por Lya Luft, cujas personagens intrínsecas à grande Família dobram-se e desdobram-se, revelando, em seu percurso, uma indagação mais ampla sobre a inquietante estranheza própria ao feminino.

Noutro ensaio toma o corpo tatuado, apresentando-o como espaço aberto à escrita. Ao atualizar ou simplesmente fazer existir as marcas (invisíveis), a superfície do corpo torna-se suporte tão caro à contemporaneidade.

A Carlos Drummond de Andrade é dedicado outro ensaio. Ali, refletindo a propósito dos espaços e das coleções, indica-nos que “separar e reunir cacos é o desafio que se coloca diante de um sujeito fragmentado, dividido, sem saber muito bem o que fazer com seus restos” – mas, nos lembra a autora, poiesis é também fabricar, produzir, confeccionar… com os restos?

Sade será o ensaio no qual, com elegância e humor, a autora nos aponta como na retórica sadiana o desmedido do gozo se aplica… com método!

O ensaio seguinte, puxado pela medida poética de Hölderlin, denominado por Heidegger “poeta do poeta”, delicadamente nos antecipa o justo bordado daquele que em um dos seus hinos, “Patmos”, falou ao que se dedica à escrita: “[…] acima de tudo o cultivo cuidadoso da letra firme e que se interprete bem aquilo que é […].”

Por fim, o ensaio que nomeia o livro: “Benjamin, meu próximo”. Com esse título, reconduzidos a Baudelaire, o qual se referia ao leitor como “mon semblable, mon frère”, a autora constrói a necessária passagem que a coloca em proximidade a Walter Benjamin – neste ensaio, o que fazer senão seguir a captura que a poética de Venus nos provoca ao enfatizar o que está escrito no pequeno detalhe? A forma de seu ensaio, por ser herdeira de sua poesia e de sua confessada proximidade a Benjamin, evidencia seu enraizamento, em sua experiência pessoal de contemplar as mínimas experiências com olhar poético.

A diversidade das citações que perpassam os ensaios de Venus, outro ponto em comum com Benjamin, longe de nos cansar, também geram um resultado curioso: uma prosa própria, agradável, efeito mesmo da arte de lapidar a palavra, de uma forma que se aproxima ao ponto decisivo da arte: resgatar-nos da letargia do sono cotidiano.

Vanda Pignataro Pereira

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