breve ato de descascar laranjas fala do luto, da loucura e da clausura, através de uma divisão em quatro partes: descontinuidade de mohorovičić, crosta, manto e núcleo. O livro, apesar de levar no título uma fruta de cor quente, é frio, gelado e nostálgico, como o azul dos cianótipos que permeiam as páginas: fotografias, em sua maioria, dos anos 90 (mas também dos anos 50, 60 e 80), print de imagem captada pelo satélite do google maps, notícia emblemática do correio da manhã, rasuras em texto supostamente atribuído ao papa francisco, listas comportamentais praticamente impossíveis de cumprir (tal como os dez mandamentos). São esses alguns dos temas tratados por Bianca Monteiro Garcia neste breve ato: descascando as camadas da memória, traz à tona uma poesia que busca resistir ao apagamento do trauma, da morte e do delírio.
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A avó de Bianca se torna a minha avó, a sua. Eis a mágica dos poemas. (Regina Avezedo)
breve ato de descascar laranjas soa como uma luta contra o esquecimento (Martha Alkimin)
Um livro corajoso de uma poeta que já desafia as próprias linhas de força de sua poética quando assume que da tensão entre elas só é possível ‘sair à revelia’ (Simone Brantes)