O acaso tem suas próprias regras – ou talvez nenhuma. Em seu novo livro, Franck Santos nos convida a percorrer os desvios e imprevisibilidades da linguagem, da vida e da memória. Com um olhar atento para o detalhe que escapa, o autor recolhe fragmentos de múltiplas realidades, experiências, lembranças e leituras, e as reorganiza sob uma perspectiva única: a do poeta-leitor, aquele que se lança ao mundo como quem decifra signos secretos na poeira dos dias. Transitando entre diversos gêneros, fazendo da prosa poesia, em minicontos ou crônicas ou numa espécie de diário bastante pessoal, e assim compondo uma tapeçaria lírica rica e surpreendente, repleta das mais diversas referências literárias e musicais, Santos oferece ao leitor um álbum de leituras e vivências, um inventário de observações e epifanias que remetem à literatura como arte de ver, sentir e interpretar o cotidiano. Podemos abrir o livro ao acaso e encontrar uma frase que ressoe intimamente, que ilumine um instante, que provoque um pensamento inesperado. Essa é a magia de Catálogo de acasos: uma obra construída na generosidade do compartilhamento, na delicadeza de quem observa o mundo e registra sua beleza e estranheza com palavras precisas e encantatórias, resgatando instantes efêmeros e transformando-os em literatura. Como uma espécie de mapa de afetos, um compêndio de surpresas e um testemunho da poesia que se esconde nos detalhes do mundo.