Diego Callazans apresenta, neste pequeno livros de poemas, um relógio disparado por imagens abstratas apontadas para uma cadência precisa. Em vez de punho, Diego escolheu usar a língua como suporte para suas manchas gráficas, que penduram-se insones nas páginas. O autor resgata de seu próprio submundo uma poesia influenciada por grandes nomes como Mallarmé e os irmãos Campos.
Diego não teme ir ao encontro de temas canônicos e nem mesmo desafiar a língua mundana, abrindo mão da compreensão imediata do leitor. É uma poesia de quem leu grandes autores e não se contenta com o coloquialismo ou o arrebatamento fugaz. Ensejo é sobretudo um convite para uma fruição lenta, de ponteiros que atravessam a madrugada acordados pela leitura. Foge do prosaísmo, sustenta enigmas e aceita o tácito. Podemos ler este livro sabendo que a formação de um bom poeta (para além de suas subjetividades) também pode ser influenciada por sua leitura. Diego parece compreender que não resta muito mais ao sábio do que inebriar-se no poço do próprio umbigo.