Há olhos internos, sem dúvida. Sentem a essência das coisas. É com o olhar voltado para dentro, para a memória e a solidão, que um senhor cego nos narra sua vida. Isolado em sua casa de praia, ele tem como companhia apenas um fiel cão guia, uma alegre empregada e as visitas ocasionais de um padre. Mas no coração do romance de José Fernando Guedes, as ausências imperam: as lembranças se fazem tão presentes quanto o mar em frente à casa, onde o protagonista já não espera mais nada. Aqui o leitor é levado a confrontar o tempo, as memórias e a inevitabilidade das perdas. Junto a isso, o autor nos aponta a diferença entre a história que contamos para nós mesmos e aquela que os outros contam de nós. Diante do abismo, a existência parece buscar um acordo tardio com o que foi e o que ainda resta. Com uma narrativa envolta em melancolia e beleza, José Fernando Guedes explora o peso do silêncio e a ternura que pode emergir nos momentos finais. Um romance onde o amor e o perdão surgem como resistência ao esquecimento, um chamado à delicada coragem de seguir adiante, mesmo sem enxergar o caminho à frente.


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