Luzé dá a ver sua “Manifestação descolonial” em tempos dificílimos como os atuais, tensionando temporalidades sempre difíceis da “mestiçagem” no Brasil. Com um corpo-língua que se desdobra em um sem fim de possibilidades artísticas, ou seja, ético-estéticas, a manifestação de Luzé precisa ser ouvida, lida, vista!
O texto, a performance, a fala, o acontecimento, a feitura carnal-espiritual que a artista inquieta e intensa faz aparecer na cena atual brasileira como um traço, um grito, um rasgo visceral que afirma a vida acima de tudo, é impactante não somente por enfrentar conteúdos polêmicos em torno do que seria a “mestiçagem” no Brasil, com uma lucidez imensamente crítica e uma ironia desconcertante, mas também e, talvez, principalmente, por trazer sua fala ética-estética-política, seu pensamento-corpo, pensamento-chão, atravessados de linguagem e afeto. Esses traços indefiníveis e inseparáveis, essa vivência de Luzé que ressoa, vibra e faz vazar com potência seus campos subjetivos, que se entrelaçam aos campos semânticos, tão minuciosamente elaborados por ela, e tão doídos em seu corpo vazado e no corpo-carne colônia-Brasil, nos impactam e nos atordoam pela força das palavras e por tudo que elas fazem abrir, rever, pensar, agir, mas também nos enche de coragem, de vigor e de desejo de mover outros mundos, mundos melhores para se viver.
Ana Kfouri
diretora teatral e atriz.


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