[Livro em pré-venda – envio a partir de 30 de novembro]
Este Lume ilumina tanto quanto sombreia. Dividido em três partes – Palavra, Destino mineral e O homem nu –, este livro de poeta genuíno equilibra melancolia e esperança em poemas que, quase alternadamente, enaltecem e criticam. Na primeira parte, a palavra é o mote, com versos que tratam da escrita, da extração desse ouro, da desnudez dos poemas, das estrofes ideais (límpidas “como páginas em branco”, diz esta voz), livros como corta-ventos (podemos vesti-los?) e, afinal, o processo criativo de um catador de poemas extraídos da ruína e da tristeza, se não do amor. A segunda parte, mais claramente crítica, toca a lavra, a mineração, a maquiagem das mineradoras e suas paisagens de plástico, além de fazer homenagens a poetas, cidades e horizontes. Na terceira parte, o amor, a compaixão e a beleza dão as caras, mas estão acompanhados da guerra, do horror e mesmo da linguagem imprecisa. O poema, aqui, é uma “linguagem um pouco errante”; o amor, uma “vontade do mesmo ar” ou o desejo de refugiar a pessoa – objeto, alvo – num “beco do mundo”. Lume é uma luz esperançosa, mesmo que um tanto asfixiada sob escombros ou dentro das profundezas de uma mina. O título se explica no poema homônimo, uma lufada de ar fresco: “Quando as bombas arremessadas/ forem de amor/ e não de dor,/ o dia brilhará”. E quando será isso? Podem nos adiantar? Enquanto não sabemos a resposta, leiamos a poesia de Isaías Gabriel Franco em seus gritos e em seus silêncios.
Ana Elisa Ribeiro


Cadernos de alguma poesia 