[Livro em pré-venda – envio a partir de 20/11]
É preciso começar, de imediato, pelo meio: a seção que dá nome ao presente livro, Na estrada, entrega uma indicação de percurso. Ali os poemas foram escritos entre 2012 e 2024. Até aqui, tudo bem, fosse mera coleção de poemas organizados, mais ou menos, por certa orientação de temas e estilos, experiências e ritmos. Contudo, mais do que necessário, é preciso descer a lente sobre a persona Lucas Mattos –
e utilizar persona faz com que se incline sobre o dispositivo de autoria e sua multifacetada presença no jogo de cenas da poesia brasileira, sobretudo a cena carioca contemporânea das duas últimas décadas. Poeta, Ator, Ficcionista, Editor, Cancionista, Professor, entre muitas outras coisas, e todas elas singulares e maiúsculas, são importantes de entender quando se toma Na estrada em mãos. O meu primeiro impulso, tendo assistido Lucas vocalizando alguns dos poemas “fixados” nesta brochura, foi associar o título ao primeiro Fellini – particularmente ao estado da palhaçaria, espaço de fabulação crítica não só do circo, mas de toda dimensão dramatúrgica, pois figura desviante da consumação esperada dos bons costumes. Contudo a natureza circense, por conseguinte do teatro, vai se destrinçando ao longo do livro por sabermos, talvez imaginá-lo, em estado de performance, em sua consumação vocal. O palco é a manutenção das “máscaras”, onde “eu acumulei todas estas máscaras / e agora não quero usar nenhuma” – que se refere à recente peste, da qual mal saímos, mas diz mais do quanto ainda estamos enredados pelo atormentado fascínio das relações pessoais. Há, claro, todo um contorno em derredor do estado de prosa de certa poesia contemporânea do Brasil, mas aqui a conversa, a meu ver, ainda está com certo poente dos modelos canônicos dos modernismos de nossa terra, em óbvio contato com Bandeira. Daí ler a aparição de “contos”, anotados quatro vezes, que nos mostram a precisa embocadura dos poemas ditos em voz alta, no melhor da língua. O espaço é curto, Lucas Mattos uma usina que não é possível dar conta. Indico que não só abra o livro, fora da orelha, mas assista Lucas falar. Será seduzido, com certeza, afinal “[…] quem foi que disse que não dava para ser feliz / no inferno”.
André Capilé


Poemas da Vida Meia
Viagem de Lorelei na Terra da Poesia
A casa invisível 