Não conte para as formigas

[Livro em pré-venda – envio a partir de 30 de abril]

A história que você vai ler, e isso é bem fácil de perceber, é escrita do meio da mata atlântica. A cada página, infinitos tons de verde, uma orquestra de sons de passarinhos e insetos, a luz oblíqua entrando pelas janelas de vidro. Essas são as tintas que Mônica usa para pintar seu livro como uma tela sensível, cheia de sons, mas também de fúria.

No cenário deslumbrante, entretanto, também anoitece, e esse também é um livro sobre a noite. E falar aqui de dia, noite, tela não é em vão: para contar sua história, uma história de acerto de contas, fim de amor, afetos perdidos e imensos reencontros, Mônica criou uma pequena selva de metáforas, numa espécie de sistema intrincado de imagens que vão desenhando uma história que é de trauma, de tristeza, de coisas que se quebram por dentro, mas também de descoberta de si, de renascimento, de cura.

Assim, as plantas, as entidades que ela cria e as onipresentes formigas, são espécies de planetas que orbitam o centro solar dessa protagonista, que de estrela em extinção vai a sol em expansão. E nessa brincadeira gravitacional, todo o universo se desdobra, na história de uma mulher livre, que a certa altura da vida, percebe que tem que fazer escolhas pela sua própria vontade. Corajosa o bastante para enfrentar os desafios do mato, e sábia o suficiente para aprender o idioma natural, ela transita na sua própria floresta reconhecendo seus medos, porque entende que só caminhando por dentro deles é possível desbravar o caminho mais bonito.

A prosa de Mônica tem uma avidez, um jorro, um jato de correnteza batendo na pedra. E, mesmo na noite escura, a gente vê o dia nascendo. Não tenho dúvidas de que nasce uma escritora. E é um prazer ver isso acontecendo.

Ana Lima Cecilio