O título sugestivo e a primeira frase do livro – que logo remetem à busca proustiana do tempo perdido e aos domínios da paixão humana – partem da referência a um dos grandes clássicos da literatura mundial para desbravar a mais crua realidade brasileira, e também o seu imaginário paranoico, o delírio cotidiano e a infâmia nossa de cada dia. As tintas da ficção às vezes parecem se confundir com a vida real em um Rio de Janeiro onde asfalto e morro se misturam a todo instante, deixando no ar a sombra perversa de uma violência latente, prestes a ser detonada por uma pequena fagulha do acaso. Milton Coutinho mergulha fundo nessa aventura de retratar literariamente a cena urbana de uma metrópole brasileira no século XXI, e constrói com maestria uma história densa e de alta voltagem. Neste Suã, mais do que os ecos do original, o leitor encontrará a melodia dissonante do Brasil, o seu dodecafonismo torpe e a sua eterna vocação ao desafino.


Era preciso um caminho
O mais sutil é a queda
Marulhos, outros barulhos e alguns silêncios
Pulvis
Didática
A mesa branca
Diálogos possíveis
A memória é uma boneca russa
Cinema, literatura e filosofia
No domínio de Suã
Numa nada dada situação
Dois campos em (des)enlaces
Quando estava indo embora
A ordem interior do mundo
Uma frase para minha mãe 

