[Livro em pré-venda – envio a partir de 26 de novembro]
Em O tempo das manhãs trêmulas, Laura Amélia Damous confirma – com a serenidade de quem sabe o peso da palavra – que a emoção é um motor possível e necessário para a poesia. Não a emoção derramada, mas a que se ergue do silêncio, da escuta funda, do gesto preciso: “a palavra que se esconde… às vezes se liberta e procura por mim”. É dessa fidelidade ao ímpeto sensível, filtrado por rigor e concisão, que nascem os poemas deste livro, maduros sem perder a vertigem do primeiro assombro. Aqui, a memória não é vitrine: é rio – o Turi da infância que volta como ladainha e naufrágio –, é música de flauta no pai, trança na mãe, é visitação dos vivos e dos mortos nas frestas da lembrança. A noite, presença quase física, espalha-se em estrelas e presságios; a religiosidade, herdada e questionada, transforma-se em oração, penitência, pacto com as musas. Entre a casa e o cosmo, entre Bizâncio e o Maranhão, a poeta desenha um mapa de perdas e lampejos em que o mínimo contém o abismo. Ao leitor, oferece-se um inventário do sensível: a estrela mínima que deseja existir fora de qualquer rastro; a boca que pede trancas para não ferir; os jasmineiros tontos, a lua embriagada, o mar cinza que guarda cinzas. Se há mágoa, ela pesa como pedra; se há amor, ele se anuncia em claridades de manhã. Tudo se organiza na tensão entre a aceitação e a rebeldia, entre a serenidade e o tremor — esse pulso que dá nome ao livro e o perpassa como seiva. Lidos em sequência, os poemas compõem uma casa arejada de muitos cômodos: passamos por eles tocados, sem idealizações e sem medo de nos perder.
E se nos perdemos, tanto melhor: a poeta nos devolve mais vivos, porque a sua linguagem, fiel à vocação e à experiência, ainda sabe aquilo que Yeats soube e que a infância confirma – que a travessia, quando verdadeira, nos encontra. Aqui, a poesia volta a ser essa travessia. E Laura, com voz única, nos conduz.


Estou viva
O vento gira em torno de si
A filosofia natural e experimental na Inglaterra do século XVIII
1922
Arroz e feijão, discos e livros
Lições do Tempo
O Rio de Janeiro nos jornais
Rita
Contos contidos
A paixão mortal de Paulo
Danação
Nas frestas das fendas
Imagem, violência e memória
Pedaço de mim 