O tempo dentro das vozes

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ISBN: 9786559058464 REF: 9786559058464 Categoria:

O poema é via de acesso ao tempo puro, imersão nas águas originais da existência” — é necessário retomar as palavras de Octavio Paz, em seu inesgotável O arco e a lira, para seguir os passos de Marcio Cappelli em seu livro de estreia, O tempo dentro das vozes, em que a poesia é uma forma de investigação, escavação, revelação.

Seus versos se movem, entre raciocínios precisos e preces rebeldes, para invadir as engrenagens da vida e nos levar às “margens do espanto”, exibindo as tramas de sentidos com que o poema — e apenas o poema! — se depara enquanto se debate com sua própria trama de matéria e forma. Sim, escrever poemas, aqui, é mergulhar em direção ao “mundo submerso” e flagrar a germinação do mundo outro em que erramos.

Diante da realidade desnorteante, o olhar do poeta, firme, desvia — mas não foge. Desvia por dentro. Cava, choca, fere. Rasga com cuidado os mantos. “Santo sem Deus”, mas também escafandrista, o poeta sabe: “A língua/ pesa// mas sonda/ abismos”. Submerge. E assim dá a ouvir a fala mais funda e viva que as camadas da história cobrem: o tempo dentro das vozes e, claro, as vozes dentro do tempo. E, também, do“não-tempo/ da palavra muda”, em que “a lágrima dança” e “o ódio e o amor/ se entretecem”.

Estudioso de filosofia e religião, mas igualmente desconfiado das ofertas desta (“como quem esquece Deus entre as vértebras”) e das certezas daquela, cada poema de Marcio Cappelli afirma, a seu modo, que é apenas no desvio, na deriva própria da poesia, que podemos ter ao alcance das mãos — e dos versos — os ritos de um agora e de um aqui em cujas superfícies “pouco resta que não seja um equívoco”.

Nas páginas de O tempo dentro das vozes, a poesia é a afirmação de que, no segredo que apenas as crianças ainda não esqueceram, no Cristo entalhado num açougue, no corpo que só pode ser lido em braille, em tudo que ainda nos surpreende, há um canto que devemos nos aproximar — nos transformar — para ouvir: “O teorema explica/ o mito religa/ o poema roça/ o ritmo misterioso/ do ser esquecido”.

Tarso de Melo

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