[Livro em pré-venda – envio a partir de 5 de dezembro]
O novo livro de Samarone Marinho nasce da urgência de interrogar o próprio lugar da poesia no mundo contemporâneo — esse espaço em ruínas, tecnológico e atônito, onde as palavras parecem perder substância, mas ainda resistem como forma de presença. Para quem é um gesto de desassossego e testemunho. A pergunta que dá título à obra ecoa em cada poema como provocação e apelo: para quem se escreve, afinal, quando tudo se dissolve em ruído, guerra e silêncio?
Do “ab ovo” inaugural ao “coda” final, a travessia compõe uma cartografia da linguagem sob tensão. A poesia, aqui, é movimento de escavação e confronto — filosófica, política, existencial. Marinho dialoga com Pavese, Audre Lorde, Gullar, Pizarnik, Dostoiévski, entre tantos outros, criando uma constelação de vozes e tempos. Sua escrita se move entre a carne e o pixel, o sertão e a tela, o humano e a máquina, sondando o colapso ético e sensível do presente.
Com ritmo fragmentário e vigor imagético, o poeta recolhe os estilhaços do real: Gaza em ruína, as guerras sem rosto, a virtualidade que simula contato, a solidão dos dias. Mas também há o canto persistente, o apelo à escuta, o murmúrio do que ainda insiste em sobreviver. “Para quem isso tudo?”, pergunta o poema — e a resposta, talvez, esteja no próprio ato de escrever: porque é preciso dizer, mesmo quando a fala se cala.


Didática 