Penélope se agarra a suas recordações como último recurso contra o tempo, contra o esquecimento, contra o fluxo da vida. Penélope empreende a mais impossível das tarefas: demarcar-se do fluxo da vida, sustar uma onda gigantesca – ou se afogar nela. Sua astúcia maior não foi desfazer à noite a trama tecida durante o dia – afastando assim o momento de ter de, à força, integrar-se no tempo avaro e unívoco dos pretendentes. Sua astúcia maior foi conseguir cultivar, como numa redoma de cristal invisível, tudo o que lhe importava de sua vida com Odisseu. Ali abrigadas, as recordações e as saudades estavam vivas o suficiente para parecerem atuais. Não era ressurreição apenas, era invenção alucinada e serena.


A herdeira [Washington Square]
A casa invisível
Todo diálogo é possível
Algum Lugar
A desordem das inscrições
Ficção e travessias
Rita
Além do visível
Regra e exceção
A memória é uma boneca russa
Placenta: estudos
A outra história
A era do sono
Supertrampo
Translinguismo e poéticas do contemporâneo
A paixão mortal de Paulo
O navio da morte
Outro (& outras)
A gaia ciência de James Joyce
Grito em praça vazia
História de vocês
Pessoas em movimento
Culturas e imaginários
Cara de cavalo
Gênese, gesto
Os catadores de algodão
A invenção do amor
Sodoma
Teatro e comicidades: Estudos sobre Ariano Suassuna e outros ensaios
O assassinato da rosa
Nas frestas das fendas
Estrada do Excelsior
Pirandello presente 

