Penélope se agarra a suas recordações como último recurso contra o tempo, contra o esquecimento, contra o fluxo da vida. Penélope empreende a mais impossível das tarefas: demarcar-se do fluxo da vida, sustar uma onda gigantesca – ou se afogar nela. Sua astúcia maior não foi desfazer à noite a trama tecida durante o dia – afastando assim o momento de ter de, à força, integrar-se no tempo avaro e unívoco dos pretendentes. Sua astúcia maior foi conseguir cultivar, como numa redoma de cristal invisível, tudo o que lhe importava de sua vida com Odisseu. Ali abrigadas, as recordações e as saudades estavam vivas o suficiente para parecerem atuais. Não era ressurreição apenas, era invenção alucinada e serena.


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