É como se fosse um acidente. É como se fossem duas pessoas dançando bem ali, no meio do acidente. Os pés descalços, porque se perderam os sapatos, pisando os cacos de vidro espalhados no asfalto, sangrando no asfalto e um pouco aqui, também, nessas páginas. Poesia escrita a quatro mãos e não sei quantos corações, quantos pulmões, com todas as vísceras desse mundo. Davi e Luiza dançam juntos porque sabem dançar, guiam as palavras como se guiassem um velho cego pelos mesmos destroços todos os dias.
A gente vai junto, com medo do acidente, com medo dos entorpecentes todos ali, com medo de umas imagens que doem, que incomodam, que acordam nervos que a gente nem sabia que tinha. Mas a gente vai, em todas as páginas dessa valsa estranha e bonita, porque Davi e Luiza nos convidam obsessivamente e quem seríamos nós para não aceitar um convite desses dois?
Esse livro é um acidente, um inventário completo de imagens e sensações, cada uma e todas as palavras metidas no exato lugar em que deviam estar. Deslocados ficam os nossos sentidos. Mas a essa altura, quem se importa?
[Marcela Dantés]


A herdeira [Washington Square]
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Regra e exceção
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Translinguismo e poéticas do contemporâneo
A paixão mortal de Paulo
O navio da morte
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Grito em praça vazia
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Gênese, gesto
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Sodoma
Teatro e comicidades: Estudos sobre Ariano Suassuna e outros ensaios 

