“Eu denuncio o processo de marginalização da poesia, ao mesmo tempo que reivindico sua marginalidade, pois penso que é ela que permite, hoje, ao poeta ser livre, não estar à venda. Quando alguém compra um livro de poemas ou vai a uma leitura de poesia, trata-se realmente de uma escolha, um ato de liberdade, enquanto em outros domínios, não estamos livres do condicionamento.”
Assim se expressa um dos grandes poetas da atualidade, o marroquino Abdellatif Laâbi (Marrocos, 1942), diagnosticando uma condição humana sem temer o paradoxo. Aliás, o filósofo Clément Rosset já nos lembrava que “paradoxo” é apenas o modo como os simplórios chamam a verdade.
E é essa dimensão do paradoxo que permite aos poemas de Laâbi, como demonstra a seleção feita e traduzida por dois poetas, Carlito Azevedo e Maria Eduarda Castro, alternar sopro épico e atenção ao mínimo, sensação de naufrágio e sensação de triunfo, voz que denuncia e voz que celebra.
Laâbi já afirmou que os primeiros livros com que teve contato foram “livros vivos”, a riquíssima cultura oral dos contadores de histórias do Marrocos: “Meu livro era um livro vivo, seja minha mãe, ou meu tio, maravilhosos contadores das mil e uma noites e todas as grandes epopeias árabes. Eu sempre busquei que essa cultura oral – desprezada tanto pelos intelectuais marroquinos tradicionais que escrevem em árabe clássico como pelos colonizadores que a consideravam como simples folclore – estivesse presente na minha escrita.”
Em Uma só mão não basta para escrever o leitor que se lançar a esse “ato de liberdade” encontrará uma escrita assim ancorada na história, assim alimentada pela imaginação, assim viva.


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