A relação entre literatura e estados de exceção é uma linha de força constante em A vida negada. André Bueno debruça-se sobre a literatura de nomes como Sebald, Cortázar, Bolaño e Saramago para explorar a tensão entre ética e estética que marca sua ficção – na sua função de representar o irrepresentável, nomear o inominável.
Nesse percurso, a obra destaca o “teor da verdade”, para lembrar aqui Adorno, e ao mesmo tempo examina os riscos que os textos literários enfrentam ao dar forma estética a uma alteridade radical: o de estetizar a violência banalizar o mal ou fazer do sofrimento alheio um produto a ser consumido.
Um dos temas-chave do livro é a obra do escritor alemão W.G. Sebald, que trata de um estado de exceção – o nazismo – com uma prosa de ficção marcada pelas cores melancólicas da memória, do trauma, do luto. André Bueno analisa a forma admirável como o autor de Os emigrantes, Austerlitz e Os anéis de Saturno constrói a relação vívida entre literatura e imagem, combinando depoimentos, biografias e ensaios históricos, numa narrativa que rompe as convenções clássicas do realismo e apresenta, ao mesmo tempo, um poderoso lastro de realidade.
Outro objeto de estudo em destaque são os contos de Cortázar – “Pesadillas”, “Grafitti”, “Satarsa” e “Esculela de noche” – em que o estado de exceção é representado de forma cifrada, indireta, com a concisão típica do escritor argentino. Em outro momento, o leitor é guiado por um passeio pelas duas cidades de São Paulo do conto de João Antônio “Abraçado ao meu rancor” – a cidade árida do presente, e aquela da memória do narrador.
Já em “O negativo da Nação – Roberto Schwarz pensa o Brasil”, André discute o modelo dialético que o crítico montou para analisar Machado de Assis e pensar o avesso das mitologias e ideologias nacionais. “Literatura na escola – missão impossível?” é o título provocativo do texto que parte do pensamento de Georges Snyders e Antonio Candido para discutir as diversas nuances do ensino da literatura na sala de aula – num fecho mais do que pertinente para a obra.


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