As aventuras de Gewissen

Quem conta esta história é Pachola Manfredo – Pacman, para os íntimos –, um menino de cinco anos que vive metendo os pés pelas mãos, mas jura de pés juntos que não conta lorotas. Numa noite em que uma porcelana chinesa se espatifa “sem querer”, surge no quarto um sósia de Pacman: Gewissen, visitante de um lugar “fora do mapa”, nome estranho que significa consciência e que logo se revela guia, espelho e provocação.
A proposta é simples e vertiginosa: trocar de lugar por um dia para “consertar o mundo”. A partir daí, Nilo Barroso arma uma aventura que mistura fábula e ciência, mitologia e videogame, humor e filosofia – sem perder de vista a alegria da narrativa oral que conversa direto com o leitor.

Pacman viajará ao domínio de Hefesto, mestre-inventor rabugento de coração de ouro, enfrentará três tarefas (arrumar cozinha, preparar um chá de ambrosia que não existe e decifrar uma charada sobre o Caos) e descobrirá que mundos também se escrevem – linha a linha, como quem programa um jogo. Gewissen, por sua vez, testará no nosso planeta hipóteses para esfriar a cabeça febril da Terra e salvar renas, corais e cidades costeiras. Entre um pato de pé caramujo, um anel à la Giges, um flautista à beira do poste e acenos a Twain, Peter Pan, Darwin e Einstein, a trama vai plantando perguntas: o que nos faz humanos? Como equilibrar razão e emoção, arte e ciência? O que é verdade numa boa história?

Com linguagem viva, apartes cúmplices e um narrador que ri de si mesmo, As aventuras de Gewissen oferece às crianças curiosas – e aos adultos que leem com elas – uma cosmologia brincante. É livro para abrir conversas, acender lampadinhas, desafiar certezas e lembrar que aprender também é trocar de papel: ver o mundo com outros olhos, por um dia, e voltar diferente. Uma delícia para leitura em voz alta, com sabor de clássico novo e brilho de ideia fresca.