A lição no 1 deste livro de Sylvia Damiani é o prazer. O pássaro que voa, como quem escreve o poema, deixa o corpo solto, planando pelas cidades, estradas e paisagens deste Atlas, olhando as coisas a cada vez de outros ângulos, de ponta-cabeça, de trás pra frente, como numa brincadeira. Porque este livro é feito de muito humor, o humor da verdadeira modéstia, de quem escreve poemas como quem descongela o freezer ou faz alguma outra tarefa corriqueira, e fundamental, cuidadosamente, pacientemente, sem a presunção do grande especialista, atenta a cada gesto e movimento.
A especialidade é o olhar, com clareza e perspicácia, dirigido às coisas, aos outros – “tento alcançar você”, é como se cada um dos poemas nos dissesse. E se cada poema, qual criança ou amante, exige muito de quem escreve, tudo bem, porque nele é possível viver em estado de expectativa, à espera de ver no que dá cada dia, cada viagem, cada encontro. E nesse estado fica também quem lê, poema após poema, até chegar ao fim, para então querer logo começar de novo. [Paloma Vidal]


O assassinato da rosa
Muito além da adaptação
Entre Brasil e Portugal
Nas frestas das fendas
Tramas epistêmicas e ambientais
Estrada do Excelsior
Todo abismo é navegável a barquinhos de papel
Governo Vargas: questões regionais e relações interamericanas
História de vocês
O tempo amansa / a gente
Corvos contra a noite
Espaço, corpo e tempo
O baixo contínuo no Brasil 1751-1851
Terapia de regressão
Sobre a forma, o poema e a tradução
O desconsolo da filosofia
Numa nada dada situação 

