Cantar de labirinto, livro de fôlego épico constituído por 16 Cantos e mais de quinhentos poemas, busca construir intrincado corpo poético a revelar os múltiplos e mais intensos caminhos transitados pelo poeta Afonso Henriques Neto no âmbito literário desde a década de 1960 e da publicação do primeiro livro de poesia em 1972, até os dias de hoje.
Na labiríntica tessitura da obra veem-se, entre tantas coisas, as diversas influências de escritores de todas as épocas e lugares na poética de Afonso Henriques, inclusive por meio da apresentação de muitos poemas traduzidos. Encontra-se ainda a reprodução de alguns poemas do próprio autor publicados em livros anteriores (por vezes apresentados agora com diversas intervenções no texto original), tendo em vista a aproximação desses antigos trabalhos com temas tratados nos atuais Cantos. Entre essas proposições temáticas estão o amor, a guerra, os desaparecidos políticos, as raízes da brasilidade, as vertigens galácticas, os universos digitais, as mitografias religiosas, os transes urbanos contemporâneos, a permanência do mito de Orfeu (entre outras quimeras clássicas) etc.
De outra parte, é importante assinalar que inexiste na obra qualquer trajetória preestabelecida, pois o que há de fato é um aberto campo de experiências a partir dos assuntos propostos. Desse modo, é lúcida a palavra de Sergio Cohn quando diz que cada Canto “é um núcleo de possibilidades expressivas e sensíveis da atualidade – do lírico ao satírico, do libertário ao experimental –, gerando, em seu todo, uma galáxia por onde transitamos livres, estabelecendo novas relações. O poeta nos ensina que hoje, mais do que o destino de uma viagem existe a errância”.
Em suma, o livro se organizou em termos de imensa nave lírica em permanente périplo a conduzir as mais variadas visões, trilhas atemporais por texturas em transparências e espessuras. Sim: delírios, citações, paradoxos, sortilégios, cósmicas comoções. Vazio, então passagens para o imprevisível, toda sorte de fecundação, aventura-desmesura, totalidade. Impronunciável teorema. Relampejar de espantos para que voe o Poema.


Quando estava indo embora
Vigário Geral
Esteio do meio
Culturas e imaginários
Translinguismo e poéticas do contemporâneo
Sobre o corpo
Um vermelho não é um vermelho
Sente-se comigo
Danação
A casa invisível
Instantâneos de Rui
poemAteu
A invenção do amor
Didática
Estou viva
A paixão mortal de Paulo
Cartas trocadas
A memória é uma boneca russa
Pará ocidental
O barco e os temporais
Desenvolvimento, trabalho e cidadania
Cadernos de alguma poesia 

