Na fronteira entre a poesia e a prosa, entre e realidade e o sonho, os microcontos de Samarone Marinho apresentam, com extrema concisão e certa ironia resiliente, os múltiplos sentidos incorporados pela vida diária. Entre o diálogo arqueológico, o geográfico, o aritmético e o mnemônico, e para além do diálogo dos pássaros, das baratas ou dos ratos, o verdadeiro diálogo que se estabelece aqui é com o leitor, que se torna também inventor e coautor de cada minitexto, pois o que se esconde em cada entrelinha é também o que se revela na imaginação de cada um. A passagem do tempo, o silêncio do não dito, as pequenas sutilezas dos relacionamentos – às vezes basta uma frase, uma resposta, uma pergunta, uma elipse, um título que modula a leitura, para conter ou contar uma história. É nessa concisão extremamente depurada que Samarone constrói a sua arte mais que poética. Seus contos mínimos vêm acompanhados, neste volume, dos Ensaios da lentidão, formas híbridas de ensaística e ficção ao exame dos conteúdos de um cotidiano que ainda se mostra rico em diversidade e espanto.


Pré-história
A memória é uma boneca russa
Hakim, o geômetra e suas aventuras
Da capo al fine
Sublunar
Modo de ser
Estrada do Excelsior
Rita
O vento gira em torno de si
Regra e exceção
Sobre a fábula e o desvio
Cadernos de alguma poesia
O desejo de esquecer
1922
Caderno de viagem
Fraquezas humanas
Tartamudo 

