Henryk Siewierski veio de longe, atraído pela cultura e diversidade do Brasil, e ficou. Sua condição de poeta, escritor, tradutor e professor, resumida num só gesto, confirma a qualidade de um saber inquieto e multiforme. Ele é também um caminho que une o Brasil e a Polônia, de modo erudito e criativo, como se espera de um homem de letras, de um pensador. Habitado por muitas línguas. Sobretudo a língua-mãe e a que soube conquistar em nossas plagas. Domínio perfeito de ambas, como vemos nas traduções (cito ao acaso) de Miłosz, Schulz, Lem, Herbert, Norwid. Ou, então, nas páginas de sua acurada História da literatura polonesa. Henryk é uma ponte entre a América Latina e o Leste europeu. Um traço-de-união, princípio de encontro, lugar de trocas simbólicas, de abordagem crítica e fraterna.
Chernoviz e outro romantismo é um livro que captura. A documentação histórica (outra vertente de Henryk) promove encontros esquecidos, quase implausíveis, e que, por isso mesmo, torna-se fascinante: entre dom Pedro II e Chernoviz, Castro Alves e Mickiewicz, Słowacki e Napoleão. O saber médico, incluindo Pedro Nava, e a projeção popular, o devir e a metafísica. Tudo isso numa paisagem que articula, de forma assimétrica ou bifronte, a construção do Brasil e o redesenho, dramático e incerto, da futura Polônia, àquela altura. Páginas muito bem escritas, leves, e com um ligeiro traço memorialístico, anfíbio, que cobre Oriente e Ocidente, tomados ou vistos de dois territórios.
[Marco Lucchesi]


Jogo de linguagem e a ética ferencziana
Nas frestas das fendas
A casa invisível
"Os romeiros do Padre Cícero" visto por
Ave, Rosa!
Algum Lugar
O amor e suas letras
Sophia: singular plural
O tempo amansa / a gente
Um vermelho não é um vermelho
Poemas para morder a parede
Caminhos para conhecer Dona Flor no cinquentenário da narrativa de Jorge Amado
"Jogo de cena" visto por
Poesia canadense contemporânea e multiculturalismo
Cadernos de alguma poesia
A bordo do Clementina e depois
O morse desse corpo
Muito além da adaptação
O caderno perdido
Camilo Castelo Branco e Machado de Assis em diálogo
Sublunar
A desordem das inscrições
Rui Barbosa: cronologia da vida e da obra 

