Entre o brinquedo e a biblioteca

A poética de Manuel António Pina

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A poesia do português Manuel António Pina muitas vezes é de uma simplicidade surpreendente, ao mesmo tempo que pode causar grande vertigem. Poesia bem-humorada e melancólica. Zomba da grandiloquência, só que não deixa de buscar, mesmo que em tom menor, uma “grande razão”, como ele mesmo escreveu, ao fazer ecoar Mário Cesariny, poeta conterrâneo seu.

No Brasil, Pina angariou leitores apaixonados, mas tem sido depois da sua morte em 2012 que esses leitores têm se multiplicado. E é sempre o autor de poemas para adultos que tais leitores procuram. Mas Pina, antes de publicar seu primeiro livro de versos nos anos 1970, já tinha publicado o que costumamos chamar de literatura infantil. Em Portugal, seus poemas, peças e histórias com crianças circulam e fazem não só a cabeça, mas também as mãos, os pés, o corpo inteiro de meninas e meninos. Mas esse lado da obra do autor tem sido pouco valorizado ou mesmo completamente ignorado por boa parte da recepção crítica à obra
do autor, tanto aqui como em Portugal.

Paloma Roriz se debruçou longos anos sobre os textos de Pina. O resultado é este ensaio em que ela não hierarquiza livros para adultos e livros para crianças. Ao contrário, mergulha na obra dele, tendo em mente aquilo que Álvaro Magalhães, certa vez, escreveu a partir de Pina: “Quando for lido por uma criança é um livro para criança. Quando for lido por um adulto é um livro para adultos. Os livros não são ‘para’, os livros são.” É com esse espírito e sutileza crítica que Paloma Roriz lê a infância na obra do poeta. E muito mais do que a imagem de um retorno idealizado à figura da criança, o que este livro discute é uma figuração tensa por meio, entre outras coisas, de “uma segunda e mais perigosa inocência”, conforme diz o título de um poema de Pina que faz ecoar, desta vez, uma frase de Nietzsche.

Nesta generosa jornada crítica, a autora aproxima, por exemplo, teorias da subjetividade lírica aos escritos de Winnicott, fazendo cruzar campos que ela mostra como afins, mas que costumam andar separados. E tantos outros tópicos teóricos e autores comparecem: estilo tardio, práticas da citação, Lewis Carroll, Fernando Pessoa, ursinho Pooh etc. Quem sai ganhando é a obra de Pina. Ou melhor, quem sai ganhando somos nós, leitores, que vamos de mãos dadas com a autora no meio dessa selva escura chamada poesia, quer dizer, no meio dessa selva escura chamada mundo.

Leonardo Gandolfi

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