Este é um livro polifônico, repleto de diálogos e monólogos entre o passado e o presente. Atravessa a memória do que foi aparentemente perdido, mas sempre retorna em poesia. Não se trata simplesmente de uma poesia da realidade, mas da realidade que é transformada através do ofício da poesia.
Família, mitologia, antiguidade e as artes em geral negociam espaço nessa linguagem tão primorosa, que não precisa apelar para um sentimentalismo (provocado por um excesso de páthos) ao tratar de temas duros como o adoecimento da figura materna.
Uma poética sóbria, embora bem-humorada, e que mantém com bastante ritmo o encontro de um distanciamento cauteloso e uma inteligente ironia.
Lloyd Schwartz além de poeta, é professor e crítico, e esta terceira ocupação é nítida em seu trabalho poético que domina uma elegância natural.
Écfrases fazem conjunto neste olhar tão atento, que se desloca por cidades e museus, sem abandonar os ouvidos, aqui bastante familiarizados com a música, sobretudo a clássica. O trabalho realizado pelas tradutoras parece ser oriundo de uma amizade verdadeira, na qual a escuta se faz companheira generosa. Aos leitores é oferecido uma única incumbência:
um desejo de deixar a música falar.