Formas do eu na literatura e na filosofia

Nada mais necessário a estudantes e professores de Letras, Comunicação, Filosofia, Ciências Humanas em geral, que o tipo de coletânea (reader) de apresentação multidisciplinar trazido por este volume. E nada mais pertinente que a revisão e reapropriação atualizadora da noção de “eu”, aqui empreendida, tenha origem no encontro e diálogo entre estudiosos de Literatura e Filosofia. O fato: a questão do “eu”, do sujeito, nunca morre. Em qualquer das disciplinas de Humanas, é preciso conhecer seus fundamentos básicos e imperativo aventurar-se na exploração de suas novas formas. Juntam-se aqui as duas pontas inseparáveis da formação em Humanas: de um lado, a referência a clássicos seminais; de outro, a pesquisa sobre o que há de mais recente no tema. Indispensáveis ao trabalho de cada uma das disciplinas das ciências humanas, as noções multidisciplinares, como se sabe, atravessam as fronteiras dessas mesmas disciplinas, são transversais. Elas podem até surgir no interior de uma tradição disciplinar instituída, residindo aí seus princípios nucleares mais rigorosos. Mas elas são continuamente apropriadas pelas demais disciplinas, em constante circulação. E, quando se trata do “eu”, o objeto de pesquisa em si mobiliza emaranhados multidisciplinares. Nesse emaranhado produtivo, a presente coletânea parte de um recorte ousado. Afirma, praticando, que o teste de validade do debate sobre o eu se dá (ou pode se dar) na análise do texto literário. E aí as leitoras e os leitores verificarão que, no corpo a corpo crítico com as práticas de escrita mais contemporâneas, reemerge o discurso psicanalítico, transversalidade discursiva ainda imprescindível. Dá gosto o contato com a qualidade acadêmica dos artigos aqui reunidos, jogando luz sobre autores e problemas extremamente atuais.

Italo Moriconi