José Matias

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José Matias

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ISBN: 9788575772652 REF: 9788575772652 Categoria:

O conto começa a ser narrado quando um professor de Filosofia aguarda o enterro do José Matias, “um rapaz airoso”, “louro como uma espiga”, “destro cavaleiro”, “duma elegância sóbria e fina”, e que terminara, numa das últimas vezes em que fora visto pelo narrador, “metido num portal da Rua de S. Bento”, “[cheirando] abominavelmente a aguardente”. Por fim, este que vão enterrar “é um resto de bêbedo, sem história e sem nome”. José Matias amara Elisa Miranda, esposa do conselheiro Matos Miranda, já velho e diabético. Quando este morre, quando todos pensam que -cumprido o período habitual de luto -será então a hora de Elisa e José Matias se casarem, José Matias vai para o Porto, e de lá só retorna depois que sua amada, cansada de esperar, casa-se com o proprietário Torres Nogueira. Aí sim José Matias retorna à casa vizinha, para adorar “a divina Elisa”. Nova viuvez de Elisa, e o José Matias some de novo. Só reaparece, quando ela já tem um amante… Sim, José Matias não quer casar. É curioso que o século XIX venha se fechar, nas literaturas de língua portuguesa, com este conto de Eça, de 1897, e com o Dom Casmurro, de Machado de Assis, publicado em 1899, dois admiráveis testemunhos da perplexidade do homem diante da mulher. Bentinho decide sair deste impasse acusando Capitu. José Matias escolhe o caminho contrário: uma “adoração de monge, que nem ousa roçar com os dedos trêmulos e embrulhados no rosário, a túnica da Virgem sublimada”. Bentinho e José Matias nos mostram que não era o mundo que impedia o encontro perfeito dos amantes. Há algo no próprio amor que impede tal encontro (em que nada faltaria) que quase todo o século XIX nos vende como possível. A impossibilidade de fundir duas vidas numa só vida estivera disfarçada em impotência de amar no mundo, naquele mundo apresentado como hipócrita, mentiroso e venal. Depois do José Matias e de Bentinho, pudemos entender que o século que então vinha se encerrando também era destes dois tristes homens, que se vitimam na renúncia ao desejo.

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