Vozes que surgem e desaparecem, personalidades que se fixam e se dissolvem, existências mais ou menos definidas e, ao fim, a explosão de sentido decorrente de um desastre ambiental em uma pequena comunidade. O caderno perdido é considerado um dos tesouros escondidos da literatura pós-moderna, subversivamente transformando o romance naquele dialogismo sempre prometido, já anunciado por autores como James Joyce e William Gaddis. Identidades definidas por traços excêntricos, um mar de conhecimentos específicos sem nenhuma hierarquia, esses são elementos presentes nesta obra que permite muitas comparações com as produções de David Foster Wallace, William T. Vollmann e outros autores dessa geração. O primeiro romance ecológico? A desintegração do autor? Uma reação aos impasses da literatura contemporânea? Tudo isso, talvez. Mas, acima de tudo, certamente uma potente narrativa capaz de manter vivo o próprio ato que a mobiliza.