Há livros que são travessias – de sombras para luz, de silêncio para palavra. O levante do sol, de Christiane Michelin, nasce desse percurso: o da poeta que, após a perda do pai, recolhe-se ao escuro e, pouco a pouco, reencontra a claridade pela escrita.
Organizado segundo as fases da lua, o livro é também uma jornada interior. Em versos que fundem dor, memória e encantamento, Christiane nos conduz por paisagens íntimas onde saudade, fé, natureza e ancestralidade se entrelaçam. Há girassóis, passaredos, rezas e tempestades. Há a menina escondida da chuva, o menino espalhafato, os povos originários, a mãe, o pai. Há perguntas sem resposta e um desejo nítido de seguir – mesmo com a alma clamada de azul.
Com sensibilidade e vigor, a poeta toca feridas, mas não se rende ao desalento. Suas palavras dançam entre a leveza da bruma e a contundência do cerol, sempre em busca do “mergulho mais profundo no centro do mundo”. E ali, no cerne da dor, ela encontra poesia – e com ela, a esperança.
O levante do sol é um livro sobre recomeços. Um convite a “seguir adiante em direção ao levante do sol”, mesmo quando tudo escurece. Porque, como escreve Christiane, “a morte? é simplesmente o começo da vida / do outro lado da ponte”.


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