Este livro se compõe de sete contos que aparentemente não têm nenhuma relação entre si. No primeiro “Aqui, nas Laranjeiras”, acompanhamos a vida de um jogador de futebol que não deu certo. No segundo, “Irmão”, a visita de um irmão pródigo abala a vida aparentemente pacata de um pai de família. O terceiro conto, “As malas”, poderia ser resumido com o célebre verso de Vinícius de Morais sobre a “arte do encontro”, que só afirma o desencontro universal. O quarto, “Archibaldo”, baseia-se em fatos reais da vida de um rinoceronte, num fictício país da América Latina, onde as ditaduras militares sempre são bastante reais e violentas. O quinto, “Kronstadt”, é quase uma visita guiada a uma ilha meio artificial do Golfo da Finlândia, ligada à cidade de São Petersburgo, que, para alguns, não passa de um grande cenário de filme histórico – como se não fosse também o palco de grandes tragédias. De “A igreja”, o sexto conto, nada mais se pode dizer senão que é uma crítica às avessas à mania de grandeza, e talvez por isso mesmo perca seu mistério no anverso da leitura. Enfim, o sétimo, “Pequena filosofia do voo”, é declaradamente uma peça de ficção científica, e, como todas as ficções científicas, desde Júlio Verne, não deixa de ser uma alegoria do nosso tempo.
“Amamos as despedidas / e os breves encontros”, dizem os versos de Anna Akhmátova citados em “Kronstadt”. Talvez eles definam o tom dessas histórias de vida. E talvez por isso mesmo elas tenham encontrado no conto o seu modo de ser e o seu destino. Nem tão intenso e breve como um poema, nem tão necessariamente extenso como o romance, o conto é como uma esquina: uma vez que a viramos, algo de novo começa a ocorrer, mas algo também já está ficando para trás.


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