Quando evocada, qual é a primeira imagem mental que a palavra “pescoço” provoca? Para alguns, pode remeter a um pescoço nu, envolto de uma atmosfera erótica. Para outros, talvez remonte a uma cena de violência – enforcamento, decapitação etc. –, e portanto à vulnerabilidade do corpo. Para os praticantes do hinduísmo, é na região do pescoço que se localiza o quinto chakra, responsável pela expressão da individualidade, da verdade, de propósito e da criatividade. E os gânglios linfáticos do pescoço muitas vezes nos dão as primeiras pistas de que há algo de errado e de que é melhor recorrer a um médico.
Pescoço é palavra ambígua, característica comum aos contos de Thiago Picchi. Se por uma lado sua escrita tem uma linguagem bem direta que nos cativa de imediato, por outro os enredos das narrativas são sempre surpreendentes, optando por caminhos inesperados e deixando o leitor desnorteado. Haja pescoço para tantas torções inesperadas e para acompanhar esse jogo literário semelhante ao tênis, com ideias que se movimentam de um lado para o outro com rapidez e desenvoltura. E que o leitor fique avisado: é melhor proteger a jugular, porque é onde mira o autor deste Pescoço.


Vento, vigília
A memória é uma boneca russa
A desordem das inscrições
Motus perpetuo
Sodoma
Corpo em combate, cenas de uma vida
No limite da palavra
Oceano
Carona é uma coisa muito íntima
Contos estranhos
A Criação Original
Celebrando a pátria amada
Estrada do Excelsior
Cara de cavalo
Beco da vida 

