A mão quase alcançava o pacote de macarrão (do tipo gravatinha _o preferido do Carlinhos), quando o gesto ficou em suspenso. A frase! Uma imagem que acabava de brotar e que tinha tudo para virar poesia. Como uma borboleta rara que voa, arisca: há um momento único de persegui-la e capturá-la na rede das idéias. Depois disso, nunca mais; pelo menos, não aquela. A frase soava tão forte que ela se alheou de tudo, do pacote de macarrão, da lista de compras, do carrinho quase transbordando, das pessoas que pediam licença, irritadas com aquela mulher parada no meio do corredor, atrapalhando a passagem. A frase insistia, martelava, numa revelação intensa, única, lírica, um clarão repentino vindo das profundezas de sua imaginação.


Outras histórias
A gaia ciência de James Joyce
O fim do Brasil
Outro (& outras)
Caminhos para conhecer Dona Flor no cinquentenário da narrativa de Jorge Amado
História(s) do Sport
A herdeira [Washington Square]
Todo diálogo é possível
Estou viva
Vento, vigília
Do poema nasce o poeta
A tulipa azul do sonho
A memória é uma boneca russa
Poesia canadense contemporânea e multiculturalismo
Mozart em ritmo de samba
Literatura de mulherzinha
O menor amor do mundo
Corvos contra a noite
Numa nada dada situação
Poesia reunida
Danação
Discurso e…
Política, governo e participação popular
Estrada do Excelsior
As copas do mundo no Brasil
Antologia cosmopolita
Ciclopes e medusas 

