Iemanjá desliza sobre as águas. As águas movimentam-se sobre o manto assim como as palavras salivam na boca de quem lê os poemas desta obra. Existe água. Substância fundamental para a vida. Iemanjá funda a humanidade. Ler querides monstres é como se a ancestralidade vivesse em comunhão com aquilo que se faz presente. Lendo o futuro daquilo que foi passado e vivendo o passado daquilo que é futuro, porque o que be traz para nós é a escrita trafegando por várias línguas, inventando novas línguas e relembrando a existência das palavras que nomeiam os corpos dissidentes. Uma leitura que nos convoca a estar estrangeire sobre dunas, rios, ilhas, pântanos, onde os versos alagam as páginas do livro, como por exemplo o capítulo “sete sobras de sonhos”, em que a mancha gráfica escorre para a esquerda, o centro ou a direita. Aliás, porque a água em seu estado líquido ou gasoso se dispersa nos ambientes. Quando chegamos a um lugar desconhecido, aprendemos não só a língua como também aquilo que nutre a fé de quem vive naquele lugar. É o caso do capítulo “exercício para Anne Sexton”, em que os versos são como uma oração. E entre o estar estrageire e se aventurar ao desconhecido, nos deparamos com o sentimento primordial – o mesmo que transborda em Iemanjá, e talvez seja por isso que aqui estamos agora – o amor. O amor disposto a revoluções, sendo em brejos ou em mares, sereie encantando nessa forma de monstre enigmáticu, numa tradução outra das fábulas. Nesta obra, be nos apresenta uma leitura que abrange uma complexidade da palavra e da natureza que nos rodeia. Nada está posto, é preciso imergir. [Valeska Torres]


Nas frestas das fendas
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Três faltas e você será foracluído [...]
Antologia poética
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Sodoma
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Era preciso um caminho
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Cena, dramaturgia e arquitetura
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Cadernos de alguma poesia 

