É raro encontrarmos um livro que nos leve a tantos lugares. Por trás de cada leitura de Zoa, vamos descobrindo, camada por camada, uma série de novos sentidos: como se cada poema puxasse mais um fio da memória, como se a Madalena proustiana que aqui se busca pudesse aparecer em carne e osso e não apenas como a saudade de um amor distante. Conjugando rigor e concisão a um extremo apuro formal na construção de seus versos, Mercia Pessôa nos apresenta com sutil delicadeza uma verdadeira história de amor com a escrita.


Um Flamengo grande, um Brasil maior
De todas as únicas maneiras
Vento, vigília
Poemas para morder a parede
A desordem das inscrições
Sob a luz de mercúrio
A praça do mercado
Apesar das coisas ásperas
O morse desse corpo 

