Este não é um livro de estreia qualquer. Os Fragmentos completos de Maria Fernanda Vasconcelos de Almeida instigam desde o título – sonoro, irônico e paradoxal – e trazem uma nova surpresa a cada página, revelando uma poeta com um repertório variado de preciosos achados literários. Um título, um verso, um dístico, um brinde, súbito uma prosa – talvez este livro seja mesmo um romance que se fez poema, de tão depurada e certeira a escrita, nos levando pela alternância de ritmos para dentro de uma composição quase musical, que dialoga com Ana, com Hilda, com Mondrian e Matisse, que arquiteta algo que vai além da forma e do conteúdo, na conjunção de ambos, e que é pura arte. Do melhor quilate: que reúne e concentra todas as outras em literatura, que nos leva pela matéria viva da palavra a tantas descobertas, a tantas paisagens íntimas e múltiplas, e que podemos apreciar e desfrutar a cada nova leitura. No fragmento do discurso, na forma da letra, na colagem ou na métrica, no (des)encontro amoroso, na manobra elementar (sorte do rapaz que abandono / pontualmente às dez para dez // preciso de gole de conhaque / e do próximo que não me quer), no drible mortal, no divã ou no outro sim, a poesia de Maria Fernanda é daquelas que vem para ficar. De vez.


Manual para aforismos insolentes
Nas frestas das fendas
Era preciso um caminho
A invenção do amor
Pedaço de mim
A cidade inexistente
Algum Lugar
O movimento queremista e a democratização de 1945
História de vocês
Partidos e alianças políticas na "Moscouzinho do Brasil"
Da capo al fine
A memória é uma boneca russa
Todo mundo é louco?
Todo abismo é navegável a barquinhos de papel
Mulheres de moto pelo mundo
Numa nada dada situação
Sodoma
Ciclopes e medusas
Beco da vida
Espiral: contos e vertigens
A desordem das inscrições
Estou viva
"Pervivências" do arcaico
Estrada do Excelsior
Vento, vigília
O gosto amargo dos metais 

