Fulgorífera (a fera) pulsa como um corpo indomado. Maria Santos escreve como quem morde e acaricia ao mesmo tempo, rasgando a página para deixar que dela surjam criaturas, lembranças, desejos e assombros. Sua poesia, ora confessional, ora delirante, carrega uma força de linguagem que não teme o excesso nem o silêncio. Aqui a palavra se torna dança, punhal, concha, vampiro. Cada verso parece emergir de uma cena vivida no limite – entre o amor e a perda, o riso e a dor, o cotidiano e o delírio.
Há cartas escritas para quem nunca lerá, objetos que guardam memórias, corpos que se transformam, vozes que sussurram e gritam. Tudo é matéria para uma escrita que se reinventa a cada página, cruzando imagens oníricas e uma oralidade feroz.
Seus textos nascem do improviso e do risco, como se a poeta se deixasse atravessar pelo mundo sem defesas. Fulgorífera (a fera) é também isso: o registro de quem ousa se expor, de quem sabe que escrever é criar um território onde o verbo e a carne se confundem. Maria Santos confirma neste novo livro sua voz singular, intensa e performática, que desafia as fronteiras entre a poesia, o teatro e a vida. Fica então o convite para atravessar o desconhecido, e sair marcado pelo brilho selvagem de suas palavras.


Ossário
Estrada do Excelsior 

