A protagonista de Memória de antes cadáver encara o mundo com uma filosofia muito própria e singular. “Inigualável, inadaptável, indigna”, como bem se define, ela habita uma existência à margem, na periferia da humanidade, à sombra dos cadáveres. Estranha, alheia às convenções sociais, caminha pelas ruas acompanhada por uma solidão indissolúvel – e sua compreensão do mundo ora lança o leitor ao torvelinho da insensatez, ora inflama uma lucidez dolorosa.
Por meio do abismo pessoal desta narradora, Narjara Medeiros confirma seu dom de criar universos ficcionais riquíssimos, numa escrita que prima pela linguagem saborosa e pela força imagética, num enredo mirabolante. As peripécias desta personagem num mundo estranho e tão cruel quanto ela própria fluem num voo lisérgico de imaginação delirante – e são tão habilmente tecidas que enredam, absorvem e tragam o leitor em sua espiral, como só a boa literatura é capaz de fazer.


O tempo amansa / a gente
Discurso e…
De todas as únicas maneiras
Grito em praça vazia
Estão matando os humoristas
O vento gira em torno de si
Política, governo e participação popular
Pré-história 

