Em Vila Desterro, Rute Gusmão nos leva a um povoado imaginário cercado por terras fictícias e um rio margeante. Nessa história, as referências a obras e personalidades conhecidas ganham um caráter simbólico, transcendendo a homogeneidade da ambiência onde a trama se desenvolve. A autora habilmente expõe a complexidade das lutas de classe, contrastando valores urbanos e campesinos, falas do interior com a cidade, riqueza e pobreza, com destaque para a devastação das culturas e paisagens regionais, assim como a ameaça à existência de povos indígenas.
Nas palavras de Ivan Proença, “trata-se de romance documental esta segunda obra ficcional de Rute Gusmão. Mas não um documental em que prevaleça sequência de ocorridos, relatos historicistas e avalanche noticiosa. A intensidade ficcional se exerce em sua plenitude, com um somatório de conflitos tão verossímeis quão insolúveis. Personagens sofridos em suas vidas amorosas e, quase sempre, nas tarefas profissionais, posto que todos sob o inferno, sempre, da desigualdade social ou de uma rotina burguesa ou pequeno-burguesa em seus cotidianos.”
Rute Gusmão nos conduz por um enredo que transcende o tempo e desafia as convenções narrativas. Vila Desterro é uma obra que nos leva a refletir sobre questões sociais e culturais, mergulhando-nos em um mundo fictício que ecoa verdades profundas sobre nossa própria realidade.


A duas mãos
O menor amor do mundo
O fim do Brasil
Tartamudo
O tempo amansa / a gente
Numa nada dada situação
Pré-história
Pulvis
Estou viva
Culturas e imaginários
Cadernos de alguma poesia
Nenhum nome onde morar
No domínio de Suã 

