Em seu livro de estreia, Catarina Costa convida o leitor a revisitar as páginas numa investigação do poema que vez ou outra desaparece mesmo que na folha as palavras estejam impressas em tinta preta. A criança ainda embrionária teima em dizer que existe, mas ela não quer nascer. E assim se desenvolve a mãe que antes de pensar em ter uma criança foi sendo criança e depois de ter sido foi também o despontar do bico do peito até descobrir o gesto universal dos homens: a predação. Instaurando-se então o tempo do fascínio, seja nos livros como O velho e o mar ou nas veias que se confundem com a madeira da mesa. Deus em certos instantes cisa a barriga de uma ratazana, sendo que o mesmo, outrora, graceja para o poema, logo o maior gesto de coragem da poeta diante ao mundo.
Aos que chegaram até aqui eu proponho que agarrem o livro antes da extinção das palavras.


Numa nada dada situação
Vento, vigília
Pulvis
Nas frestas das fendas
O animal do tempo / A inquietude
O morse desse corpo
Todo abismo é navegável a barquinhos de papel
O assassinato da rosa
O mar que restou nos olhos
Antologia poética
Poesia reunida 

